Fernão Joanes
A Freguesia de Fernão Joanes pertence ao concelho, distrito e bispado da Guarda. Ocupa um área aproximada de 25 km2 e confina com as freguesias de Famalicão, Videmonte, Meios, Vale de Estrela e Seixo Amarelo
Fernão Joanes, com uma altitude aproximadamente de 1020 m e a 15 km da Guarda, está localizada em pleno Parque Natural da Serra da Estrela. Com uma população residente de cento e oitenta e seis (186) habitantes, segundo os últimos censos (2021), constituída na sua maioria por população adulta e envelhecida, que enquanto activa trabalhou no sector da indústria dos lanifícios, e, paralelamente a agricultura constituía um complemento para o seu sustento.
O nome Fernão Joanes, terá surgido a partir de um pequeno núcleo de casas ou de uma quinta na tutela de um senhorio \ povoador, muito provavelmente chamado Fernão Joanes ou Fernão João, no fim do séc. XII, início do séc. XIII, há semelhança de muitas outras freguesias que devem o seu nome ao seu senhor ou povoador.
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Porém, a sua origem é muito contraditória e muitas vezes confusa. O local «Eiras», actualmente denominado «aldeia exclusivamente para animais», é o mais inconclusivo relativamente à sua origem. Segundo documentos existentes, mais propriamente do Registo de Igrejas do Reino de 1290, encontramos uma Igreja no bispado da Guarda, denominada “Igreja de São Petrus de Eiras, no lugar de Fernão Joanes”, e mais tarde a Igreja de São João Baptista em Fernão Joanes, actual igreja, e sem mais qualquer informação sobre a “Igreja de São Petrus de Eiras”. Será que Eiras e Fernão Joanes eram duas povoações, estando a primeira dependente da segunda?… Ou por outro lado, Fernão Joanes era apenas uma povoação na qual a sua Igreja tinha o nome de Eiras?… Será Eiras apenas um nome como outro qualquer, ou seria o nome de uma povoação?.. .São diversas as especulações que poderíamos fazer… Só documentos existentes do séc. XIII poderiam ajudar a compreender esta situação que seria determinante para perceber a origem. Nos finais do séc. XIV e até ao presente a sua história é esclarecedora, não apresentando grandes incógnitas, apenas o facto de o Padroeiro de Fernão Joanes ser São João Baptista e a sua festa religiosas nunca ter sido realizada e a Festa de Nª Sr.ª do Soito ser realizada desde tempos imemoriais.
A Igreja Matriz situada no centro da aldeia, apresenta actualmente vestígios do séc. XVIII, mas possivelmente já existira há largos dezenas de anos segundo alguns documentos históricos. No seu interior, esta Igreja apresenta diversos altares, destacando-se o altar das almas com uma magnífica pintura, os altares da Srª do Rosário, Imaculada Conceição, Nª Srª de Fátima e o altar Mor, onde ao centro se encontra Sã. João Baptista, padroeiro de Fernão Joanes.
A capela de Nossa Senhora do Soito, situada numa Ermida e a cerca de 2 km da aldeia, existe provavelmente desde o séc. XIV. No seu interior, quatro pinturas no tecto que representam as quatro estações do ano na aldeia de Fernão Joanes. E um ex-voto (quadro), que lembra a cura operada por intercessão de Nª Sª do Soito a favor de em devoto da Cidade da Guarda, por volta de 1756.
A imagem de Nª Sr.ª do Soito, setecentista e de estilo barroco, permanece todo o ano no seu santuário, excepto na semana que antecede a sua festa que se realiza actualmente no 2º Domingo de Maio. Esta festa, comemora-se desde tempos imemoriais, que no passado se realizava no dia 25 de Março (anterior a 1758), realizando-se actualmente e à já largos anos, por razões inexplicáveis, no o 2º Domingo de Maio.
Junta de Freguesia
Presidente
Carlos André Tavares da Cruz
1º Secretária
Elsa Alves
2º Secretário
Rui CoelhoAssembleia de Freguesia
Vogal
Cláudia Marisa Monteiro Antunes
Vogal
Nelson Antunes Vendeiro
Vogal
Vera Ganhão Romeiro
Vogal
Ricardo Manuel Almeida de Sousa
Festas e Romarias
A Festa de Nossa Srª do Soito comemora-se desde tempo imemoriais, que no passado se realizava no dia 25 de Março (anterior a 1758), realiza-se actualmente e há já largos anos, por razões inexplicáveis, no 2º Domingo de Maio.
No sábado, a manhã e a tarde são preenchidas com animação de rua. No inicio da noite realiza-se a missa na Igreja Matriz, seguida de uma imponente procissão de velas que percorre as ruas da aldeia.
No Domingo de manhã há arruada com banda filarmónica pelas artérias da freguesia.
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A Ermida de Nª Sra. do Soito, situa-se a cerca de dois quilómetros do centro da aldeia, situada em plena serra, num aprazível local. É neste lugar, que no dia de Domingo decorre o dia principal da festa.
Ao início da tarde, realiza-se uma missa, seguida de procissão em redor da Capela. Após os actos religiosos tem lugar a rematação de variadas e valiosas oferta em Honra de Nª Sr.ª do Soito.
Ao fim da tarde, acontece o ponto máximo, o verdadeiro ex-libris desta festa, todos os pastores desta freguesia benzem os seus rebanhos de ovelhas junto à Ermida. É uma tradição ancestral que se vem mantendo através dos tempos e se mantém viva até que, provavelmente, deixem de existir rebanhos na freguesia. A bênção é pedida de rebanho em rebanho, com todas as ovelhas bem limpas, enfeitadas com adorno de fitas e borlas de malhas de lã de várias cores e, ao pescoço, com o melhor colar fechado com bonitas chavelhas de madeira enramadas à mão pelo próprio pastor. De seguida, o pastor ajoelha-se e faz ajoelhar algumas das suas ovelhas em frente da porta principal da Ermida, pede a bênção para os seus e para os rebanhos, rezando, depois como que num acto de agradecimento se tratasse e ao toque da banda filarmónica, inicia a tradicional volta em redor da capela seguido das suas ovelhas. Estas vão ficando em fila indiana até que a primeira, que vai atrás do pastor, vai juntar-se à última. Aí, o pastor sai e as ovelhas correm umas atrás das outras em redor de toda a Ermida, sem despegar, como que se de um carrossel se tratasse. Se ninguém mais as separasse correriam até à exaustão, mas depois de dadas três ou quatro voltas, o pastor que conhece muito bem o seu rebanho vai intrometer-se entre a última e a primeira. Esta, que também conhece bem o seu pastor, e é a que, geralmente, caminha todos os dias atrás dele, ao vê-lo, sai da roda, e atrás desta, as outras seguem, agora já caminhando, mas ofegantes ainda da louca correria. O pastor com os cães de guarda segue agora à frente do rebanho com o seu traje tradicional e manta às costas de cabeça levantada, orgulhoso da sua promessa cumprida.
A noite de Sábado, Domingo e Segunda-Feira são preenchidas com grandiosos bailes que se estendem pela noite dentro.